quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ah! Mònim dum Corisco!..., de Onésimo Teotónio Almeida


Ah! Mònim dum Corisco!..., de Onésimo Teotónio Almeida:
o triunfo e a derrota do emigrante açoriano

por Mónica Serpa Cabral - Universidade de Aveiro (Doutoranda)


Exímio conhecedor da comunidade lusófona existente na costa leste dos Estados Unidos, Onésimo Teotónio Almeida publicou, em 1978, uma obra dramática composta por curtas peças de um acto, que foca os efeitos da emigração. Ah! Mònim dum Corisco!... contém histórias simples, unificadas por um mesmo tema, vividas por seres que se debatem consigo próprios, com um mundo desconhecido, com uma língua diferente, com novos valores e normas de comportamento, com condições de trabalho adversas, com vista a uma adaptação ao espaço controverso e complexo da L(USA)lândia.

Definido pelo próprio autor como «uma porção de Portugal rodeada de América por todos os lados» (Almeida, 1987: 7), o mundo l(USA)landês é uma realidade marginal, resultante da fusão de duas culturas: a portuguesa, nomeadamente, a açoriana, e a americana. Aliás, o título da obra aponta para uma consequência dessa simbiose cultural: o modo de falar do emigrante, assente na transferência de elementos de uma língua para a outra e na criação de novas palavras, como «mònim», referente a dinheiro, o elemento motivador da partida, o objecto da determinação ambiciosa do emigrante. No entanto, como essa obsessão de enriquecer passa pela aceitação de trabalhos árduos, monótonos e desprezíveis e pela dolorosa saudade da terra natal, o «mònim» é qualificado de «corisco», isto é, malvado, maldito, ruim. Focando situações cómicas retiradas do quotidiano, estes textos provocam o riso, através da ironia, da sátira, da caricatura, e desempenham, ao mesmo tempo, uma função ideológico-social, cumprindo a conhecida máxima latina: «ridendo castigat mores».

para continuar a ler, clique aqui em Forma Breve, n. 5 (2007)

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